terça-feira, 28 de junho de 2011

Sonmos

Aproveite o brilho
O ar
Os sons
O momento
O disparar do coração
Sem demasiadas expectativas

A vida é leve
Os dias são leves
As pessoas às vezes são pesadas e duras
Do sem sentido sai cem sentidos
Vivemos com pressa
Temos medo do que nunca tivemos
Sentimos falta do que nunca tivemos

Somos inseguros
Temos medo de ficar sozinhos
Mas temos dificuldades em ajuntar
Somos medrosos
Uns menos
Uns mais

Somos do extremo
Vivemos no outro
Sofremos por antecipação
Tememos o não

Descemos querendo subir
Subimos querendo parar
Pensamos no se agir
E agimos sem pensar

Sonhamos até o que não se deve sonhar
Desejamos incondicionalmente sem parar
Esperamos algo de bom para a vida melhorar
Vivemos e às vezes nem conseguimos reparar

Jonatas Pierre

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Um Olhar


Um olhar pode dizer tudo.
Um olhar pode dizer nada.
Quem vive de olhar?

Entrada e saída.
Contato direto com o mundo.
Contato direto com a vida.

Espelhos da alma.
Voz sem som.
Demonstra desejos.
Sintetiza um não.

Cria a beleza.
Gera o infinito.
Lança no ar a sedução.

Embala uma atração.
Estampa uma rejeição.
Transmite emoção.

Quem domina o olhar?
Quem decifra um olhar?
Quem já se enganou com um olhar?

Pode conter a verdade.
Pode conter a mentira.
Pode estar vazio.
Pode estar cheio.

Olhar assustado.
Olhar tímido.
Olhar temido.
Olhar querido.

Para onde olhar?
Até onde alcança um olhar?
E quando se mistura com o luar?

Olhar embaçado que ilude o coração.
Olhar penetrante que ultrapassa a emoção.
Olhar sensível que enche a alma.
Olhar apaixonado que arranca suspiros.

Olhar que quebra barreiras.
Olhar que se esconde atrás de olheiras.
Olhar o olhar.
Amar o olhar.
Olhar e amar.
Amar e olhar.

Jonatas Pierre

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Noite Noite

A fantasia da noite não consiste apenas em contar estrelas
Em olhar a lua
Em ouvir o silêncio.

As plantas dormem.
Os sinos param.
O clima esfria.

As ruas ficam vazias.
Os bichos escondidos e em alerta.
As ondas não descansam.

O tempo para.
As horas atrasam.
As luzes apagam.

A mente entrega.
O corpo encaixa.
A alma respira.

A terra amolece.
O peito aquece.
E a noite...
A noite não se esquece.

Jonatas Pierre

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Tente

Sonhos que sonhos veem
Sonhos que sonhos vão
E as ondas continuam a bater na rocha
E os ventos continuam a soprar na montanha

E de caminho as pedras estão cheias
E de céu as estrelas estão lotadas
Segue a raiz sedenta por vida
Escapa dentre as folhas o feixe de luz

Abre-se a janela da imensidão
Salta o grilo
Corre o esquilo
Pula o macaco

Levanta cedo quem nunca dorme
Desbota o boto que abotoara
Sente quente graça garça
Frente a frente sem lente cem nada

Jonatas Pierre

Novo?

Os dias e as noites às vezes parecem repetir.
Os sons são os mesmos e os cheiros também.
Mera doce ilusão de que o mundo parou de girar.

São notícias idênticas, são casos que se pensa serem perdidos.
São histórias lidas e relidas em cópias que parecem não ter fim.
As luzes estão acessas, seja dia, seja noite.

Onde estão as câmeras?
Com quem está o roteiro?
Parece ser tão real.

A criação se rebela contra o criador
E o criador surpreende a criação.
Quem apenas vê de longe?

Um quadro não é apenas um quadro.
Uma curva não é um simples desvio da reta.
Pra onde mesmo está o céu?

Jonatas Pierre