sábado, 30 de abril de 2011

Gira

Ela não cobra aluguel e nem usa protetor solar
Brinca e gira sem parar e talvez isso explique seu nome
Tão prestativa aos homens que não podem negar
Que além da beleza, ela tem mais a ofertar.

Ela é fã de um astro onipotente
E o segue por onde ele passar
Quando não o vê abaixa lentamente ao chão descontente
Mas basta um raio dele que logo se empina e volta a se alegrar.

É querida pelos papagaios
E quando se junta com outras
Exibe com harmonia a dança que segue o sol,
Enquanto ele girar.
Girassol.

Jonatas Pierre

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Corrida


Acorda Jacob e bem cedo se põe a levantar.
Toma um rápido café e vai direto pra oficina
Fazer alguns ajustes e conferir todos os detalhes.
Passou o dia anterior somente a treinar.
Será uma prova difícil e precisa em todo o seu equipamento confiar.
Verifica a bermuda, o tênis velho e o boné vermelho.
Aperta daqui, bate dali e põe na mochila umas madeiras sobressalentes e dois pacotes de biscoitos recheados.
A pista de hoje é desconhecida e o adversário é um verdadeiro carrasco.
Vale mais que honra e moral.
Pode valer o amor de menina e quem sabe um beijo no rosto bem especial.
Sai Jacob pela rua seguindo para seu destino
Acompanhado de sua turma que nunca deixa um componente sozinho.
Vão subindo o morro vendo o montinho da turma de David.
Será a prova do dia e muita gente está lá só para assistir.
Vale tudo na corrida e o vencedor é quem atravessar primeiro a linha.
Hoje temos mais um duelo
Todos fiquem atentos a mais uma corrida de carrinho de rolimã
Ou se preferir, carrinho de guia.

Jonatas Pierre

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Os Olhos

Os olhos podem querer falar mentiras
Os olhos podem falar verdade
Os olhos só não podem deixar de falar

Podem mostrar a inocência pura de uma jovem menina
Ou mostrar a malícia maligna de um jovem adulto
Os olhos podem te enganar

Podem mostrar a vida sofrida de uma ente querida
Ou mostrar a ganância esculpida atrás de uma face bonita
Os olhos podem te entregar

Podem mostrar a agonia sentida no momento
Ou mostrar a ironia crua e fria de entendimento
Os olhos podem te machucar

Podem mostrar a indiferença em carne viva
Ou mostrar o apego seguido ou não por um desejo
Os olhos podem te amar

Os olhos podem querer falar verdades
Os olhos podem falar mentira
Os olhos só não podem deixar de falar

Jonatas Pierre

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Segure


Há noites em que o dia parece não chegar
As mãos suadas de muito nervoso
Calafrios constantes dos pés ao pescoço
Olhar paralisado querendo negar.

O medo invade como um tormento
Qualquer barulho liga o alerta
Precisa deixar a porta aberta
Em algumas horas terá o livramento.

E o som que se escuta pausado
Ouvi-lo constante deixa a pele gelada
Melhor aquietar-se e ficar bem repousado

Entregar ao tempo todo o lamento
Buscar de dentro a força esperada
E não desistir enquanto a esperança estiver acordada.

Jonatas Pierre

terça-feira, 26 de abril de 2011

Ilusão


De tristeza a lamento
Me precipito ao vento
Procurado uma paixão

Preso em uma cela perdida
Sem direito a despedida
Sem as chaves do coração

Horas tensas que não passam
Solidão e tristeza me abraçam
E me jogam no chão

Abro os olhos com sorriso
Virei vítima de um feitiço
Ou realmente é uma mão?

Pequena e macia de segurar
Chego perto pra cheirar
É o cheiro da sua mão

Veio aqui pra me buscar
Mas não consigo te enxergar.
Não passou de mera ilusão.

Jonatas Pierre

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Paz Sarinho


No dia que nasce já cantam pelo caminho,
Há migalhas no chão marcando
Pega uma, pega duas e sai voando
Com o bico cheio, volta pro ninho.

Os pequenos no alto ficam contentes
Olhinhos fechados e bicos abertos
Esperam juntinhos serem cobertos
E ficarem fortinhos pra voos potentes.

Asas magras bem abertas
Pescoço pelado esticado
Medo das águias espertas

O primeiro voo é arriscado
São quedas certas
Até conquistarem o grande céu amado.

Jonatas Pierre

domingo, 24 de abril de 2011

E se

E se o céu não fosse azul
E se as estrelas parassem de brilhar
E se as árvores não dessem mais frutos
E se o vento parasse de soprar

E se o rio não mais fluísse
E se as galinhas parassem de botar
E se as vacas não tivessem mais leite
E se os pássaros parassem de voar

E se a chuva nunca mais caísse
E se a areia não desse mais pra peneirar
E se o porco nunca mais comesse
E se as plantas parassem de brotar

E se os insetos não mais aparecessem
E se os peixes parassem de procriar
E se a lua desaparecesse
E se o sol parasse de brilhar

Cada um sabe muito bem aquilo que sente
E brincando com o se sem se esquecer de lembrar
Que da brincadeira inocente muita verdade ascende
Na cabeça daqueles que no mundo se põem a pensar

Jonatas Pierre

sábado, 23 de abril de 2011

Ex-crevo

Escrevo
E tenho cada dia mais amado
Escrevo a qualquer hora
Qualquer tema
A qualquer rapaz ou dama
Em casa, na rua, na praça ou na cama.

Papel e caneta
Um indispensável ar puro
Nasci em um mundo de tanta riqueza
Não seria muito escrever destas belezas
E contar ao meu povo a essência do amor.

Do simples grão de areia ao complexo sistema anatômico
Da convivência alheia ao relacionamento humano
Da vida submersa ao mundo distante
Do mistério interno ao externo ambulante

E as letras vão surgindo
Misturando e encontrando no espaço sempre um jeitinho
De se agruparem tomando forma clara viva
Unindo forças pra sair do papel e alcançar o centro
E fixar sua morada eterna lá dentro desse centro
Que nada mais é que o centro do coração.

Jonatas Pierre